A endocardite infecciosa é a infecção na(s) válvula(s) do coração. As taxas mais elevadas de endocardite infecciosa são vistas naqueles pacientes com válvulas cardíacas protéticas, com dispositivos intracardíacos (marca-passo, p. ex.), doenças congênitas cianóticas não corrigidas cirurgicamente, história de endocardite prévia, doença reumática cardíaca, lesões valvulares degenerativas, pacientes em hemodiálise, pacientes com HIV/Aids, diabetes, pós procedimentos dentários e em usuários de drogas injetáveis.
Microbiologia
Os estreptococos e estafilococos representam 80% dos casos de endocardite infecciosa, com proporções que dependem se a valva (ou válvula) é nativa ou artificial (protética), se a infecção é comunitária ou nosocomial (hospitalar), entre outras.
Endocardite com hemoculturas negativas
Aproximadamente 10% das endocardites infecciosas não isolam o germe responsável pela doença nas hemoculturas e existem dois motivos para isso ocorrer:
paciente com uso prévio de antimicrobianos;
endocardite causada por micro-organismos de difícil crescimento em hemoculturas.
Nesses casos os testes diagnóstico por sorologia, biologia molecular (PCR) e técnicas especiais de cultivo devem ser utilizadas. Os micro-organismos mais frequentes nessas situações são: espécimes de bartonella, brucelose, febre Q e o grupo HACEK.
HACEK: Haemophilus specie, Actinobacillus, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae.
Testes sorológicos para bartonella, C. burnetii e brucelose devem ser realizados naqueles pacientes com hemoculturas negativas. Amplificação genética por PCR na valva cardíaca também é uma possibilidade para diagnóstico do agente etiológico, método ainda pouco disponível no Brasil.
A endocardite infecciosa causada por fungos além de possuir alta letalidade é indicação de troca valvar em virtualmente todos os casos.
Diagnóstico
Critérios de DUKE apresenta sensibilidade e especificidade de aproximadamente 80%. Ecocardiograma transtorácico e, dependendo dos achados, transesofágico devem ser realizados para o diagnóstico e acompanhamento da endocardite infecciosa. Febre, astenia, surgimento de novo sopro cardíaco, sudorese noturna, lesões de pele são alguns sintomas possíveis na endocardite. É uma das doenças do diagnóstico diferencial de febre de origem indeterminada.
Tratamento
O tratamento da endocardite infecciosa é realizado por 2 a 6 semanas com antimicrobianos endovenosos (dependendo da gravidade de cada caso e do agente etiológico isolado). Alguns pacientes necessitam a troca da válvula cardíaca devido a destruição ou disfunção da mesma. Quando isso é necessário durante o tratamento com antimicrobianos, a duração do mesmo deve se manter a mesma, exceto se a cultura da válvula retirada ainda demonstrar o micro-organismo, nesses casos, o tempo de tratamento deverá ser revisto.
Prevenção
A profilaxia cirúrgica é uma das principais formas de prevenção da endocardite infecciosa, também indicada para alguns procedimentos dentários.
Renato Cassol - Médico Infectologista
Porto Alegre - RS