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Notícias de saúde com foco em infectologia.

Meningite Aguda Bacteriana e Viral

A meningite é uma reação inflamatória das meninges (tecido do sistema nervoso central que reveste o cérebro e espinha dorsal) a algum agente agressor. Do ponto de vista infectológico diversos micro-organismos podem ser responsáveis pela meningite como bactérias e vírus. 

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A meningite aguda bacteriana é uma emergência médica. É uma infecção do sistema nervoso central causada principalmente pelo Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. Os principais achados clínicos são alteração do comportamento, febre, rigidez nucal e cefaléia. O diagnóstico é confirmado através do isolamento do micro-organismo no líquor colhido através da punção lombar. A terapêutica deve iniciar o mais precocemente possível, já que o atraso contribui para pior desfecho. O tratamento é feito com antimicrobianos que possuem boa penetração no sistema nervoso central e com alvo nos principais agentes etiológicos. A associação de corticóide (dexametasona) ao esquema inicial de terapia pode ser benéfica com diminuição das possíveis sequelas e letalidade, dependendo do germe responsável. 

Outros micro-organismos podem ser responsáveis pela meningite. Dentre os vírus, o enterovírus é o mais comum (>85%) e possuem evolução geralmente benigna. O segundo vírus mais comum na meningite é o Herpes vírus (HSV-2) e pode estar associado ao herpes genital. Meningite pelo herpes vírus necessita de tratamento antiviral e o diagnóstico é feito através de biologia molecular no líquor colhido por punção lombar.

Infecções do sistema nervoso central necessitam de manejo rápido e apropriado, o cérebro e meninges são órgãos nobres e passíveis de sequelas quando atingidos por enfermidades.

Tratamento das Meningites Bacterianas

 

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

 

Leptospirose humana, principais sinais e sintomas.

Leptospirose (ou febre dos pântanos ou febre dos arrozais ou doença de Weil ou Síndrome de Weil ou Mal de Adolf Weil)

A leptospirose é uma doença bacteriana (causada por uma espiroqueta) que pode infectar humanos e animais. Existem diversos sorovares (mais de 200) e o mais importante no Brasil é o L. interrogans. A leptospirose está presente no mundo todo. 

A doença pode causar diversos sintomas quando infecta humanos desde mais brandos até casos graves, levando a dano renal, meningite, falência hepática e pulmonar e até a morte. O período de incubação pode ser de até 30 dias, média de 14 dias. 

A transmissão da leptospirose ocorre através da urina contaminada de animais e a bactéria pode ficar viável no solo por semanas a meses. Ao contrário do que muitos pensam, diversos animais selvagens e domésticos podem transmitir a leptospirose e não apenas os roedores. O gado, porcos, cavalos, cachorros e roedores são exemplos de animais que podem transmitir a bactéria através da urina contaminada quando portadores. Importante salientar que esses animais podem ter a doença e não terem os sintomas. A saliva não transmite a doença. A bactéria pode entrar no organismos através de mucosas e mesmo pele íntegra. 

Nos humanos a leptospirose pode causar febre, cefaléia, dores musculares, vômitos, icterícia, sufusão conjuntival, dor abdominal, diarréia, rash cutâneo, falência de órgãos como rins, fígado e pulmão. A forma ictéria é a mais grave (sindrome de weil - icterícia, insuficiência renal e hemorragias) e pode resultar em óbito.

A convalescença pode durar meses e nesse período o paciente pode manter-se sintomático, principalmente com mialgias e astenia. No Brasil a doença é de notificação compulsória e os exames diagnósticos fornecidos pelo Lacen, pertencentes a rede nacional de laboratórios públicos. A média anual da doença no Brasil é de 3500 casos/ano com letalidade de aproximadamente 10%.

O tratamento é com antimicrobianos como penicilinas ou doxiciclina em qualquer momento da doença, apesar dos maiores benefícios estarem quando administrados precocemente. A profilaxia também é possível para aqueles que entrarão em risco de contato com a doença (Takafuji et al. N Eng J Med 1984; 310: 497-500) e é feita com doxiciclina 200mg uma vez por semana.

  

 

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

 

Osteomielite

A osteomielite infecciosa no adulto é uma doença inflamatória causada por micro-organismos que acarretam destruição óssea e necrose.  Os primeiros registros da doença datam de 460 AC quando era chamada de abscesso em medula e o termo osteomielite foi cunhado em 1844. 

A infecção pode ter origem hematogênica (geralmente aguda), por continuidade (por exemplo em diabéticos com úlceras) ou por trauma/cirurgia (geralmente crônica). O agente etiológico nas osteomielites por disseminação hematogênica é monomicrobiana enquanto as demais é polimicrobiana. 

Entre os principais fatores de risco para desenvolver osteomielite estão:

- Trauma (cirurgia ortopédica ou fratura exposta)

- Uso de prótese ortopédica

- Diabete Mellitus

- Hemodiálise

- Doença vascular periférica

- Imunossupressão

-Doença articular crônica

A maioria das osteomielites em adultos são crônicas e tendem a ter poucos sintomas. Com o passar dos meses ou mesmo anos a doença pode se organizar e criar um pertuito (fístula) com drenagem de secreção. Quanto mais tempo de doença o paciente tiver maiores serão os sintomas e mais complexo é o tratamento. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito através da anamnese e exame físico, exames laboratoriais, exames complementares de imagem (RNM e tomografia computadorizada) e análise microbiológica do osso infectado (biópsia óssea). O tratamento deve ser feito por uma equipe composta por ortopedista, cirurgião plástico e infectologista. O tempo de tratamento geralmente é longo e a terapêutica inclui o isolamento do(s) agente(s) etiológico(s), desbridamento cirúrgico, antibióticoterapia apropriada.

 

 

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

 

Papilomavírus humano (HPV)

Papilomavírus humano (HPV)

Acredita-se que 50% da população sexualmente ativa do planeta tenham contato com o HPV em algum momento da vida. O HPV é responsável pela maioria dos câncer do colo do útero e orofaringe, assim como diversas verrugas genitais. É de transmissão predominantemente sexual e pode ser transmitido mesmo com o uso de preservativos. Segundo os dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) o câncer de colo de útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, apresentando 18430 novos casos todo o ano. O HPV é responsável por 95% dos câncer do colo do útero e, ao contrário do que se espera, aqueles subtipos de vírus do HPV que mais causam verrugas genitais são os que menos evoluem para neoplasias.

Duas vacinas estão aprovadas no Brasil: a vacina quadrivalente (HPV 6, 11, 16, 18) da Merck Sharp & Dohme (MSD) e as vacinas bivalentes (HPV 16, 18) da Glaxo Smith Kline (GSK), são 3 doses a serem administradas.  Infelizmente o Brasil ainda não oferece a vacina pelo SUS.

Já o câncer da orofaringe vem crescendo de incidência no mundo. Recentemente um estudo duplo cego randomizado realizado na Costa Rica (http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0068329) demonstrou que a vacina para o HPV além de proteger do câncer do colo do útero também protege contra o câncer da orofaringe.  

A infecção pelo HPV (principalmente o tipo 16) é um dos causadores do câncer da orofaringe e é transmitido através do sexo oral.  O estudo chega a conclusão que mulheres vacinadas contra o HPV apresentaram incidência muito menor de infecção oral pelo HPV 16/18 sugerindo fortemente que a vacina também previne o câncer orofaríngeo associado ao vírus. Participaram desse estudo 7466 mulheres entre 18-25 anos.


Fonte: 

Designing Tomorrow's Vaccines

Gary J. Nabel, M.D., Ph.D. N Engl J Med 2013; 368:551-560 February 7, 2013

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

Herpes Zoster - já existe vacina.

O herpes zoster (popularmente conhecido como Cobreiro) é a reativação do vírus da varicela zoster (popularmente conhecida por Catapora) . Apesar de ser menos transmissível nessa forma de apresentação, cuidados devem ser tomados quando o paciente possuir a doença. O herpes zoster pode ser transmissível a pessoas que não apresentaram varicela zoster na infância e não foram vacinados.

O tratamento antiviral e analgésico para os pacientes com herpes zoster é amplamente conhecido no meio médico, todavia, as indicações de vacinação para essa doença ainda são novidades. Recentemente o FDA (U S Food and Drug Administration - http://www.fda.gov)  aprovou o uso da vacina para pacientes acima de 50 anos de idade. A eficácia da vacina na prevenção do herpes zoster chega a 70% nessa faixa de idade. Em pacientes com mais de 60 anos a vacina não possui uma eficácia tão boa, todavia a mesma deve ser oferecida já que, apesar de não previnir totalmente a doença, ameniza sua gravidade e sequelas. A vacina previne da doença em média por 5 anos após sua aplicação, todavia o efeito atenuante parece continuar após esse período.

(Schmader KE , Oxman MN, Levin MJ, et al. Persistence of the efficacy of zoster vaccine in the shingles prevention study and the short-term persistence substudy. Clin Infect Dis 2012;55:1320-1328)

 

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

 

 

Foto do herpes zoster 

fonte:

 

 

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herpes zoster torácica

herpes zoster torácica

herpes zoster torácica

herpes zoster torácica

O mapa mundi da diarréia.

Este é o mapa mundi ponderado por episódios de diarréia.

A dificuldade de acesso a água de qualidade, saneamento básico, aspectos culturais e higiene precária são as principais causas de diarréia no mundo. A simples higienização das mãos antes da alimentação poderia previnir muitos casos.


Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS

Fonte: http://www.worldmapper.org/posters/worldmapper_map233_ver5.pdf

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DST - doenças sexualmente transmissíveis

O ministério da saúde disponibiliza na internet um manual de controle das doenças sexualmente transmissíveis - DST. O manual aborda doenças como hepatites virais, HTLV, HPV, HIV, Sífilis (Lues), Gonorréia, Clamídia e uretrites em geral e pode ser baixado gratuitamente no link abaixo:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_controle_das_dst.pdf

 

Renato Cassol - Médico Infectologista

Porto Alegre - RS